A Perda de Urina na Gestação.


A gestação gera grandes alterações anatômicas, fisiológicas e biomecânicas para suportar o desenvolvimento e o crescimento do feto. As adaptações do organismo da mulher iniciam-se logo após a fertilização e continuam ao longo da gravidez. Na gestação, devido ao crescimento progressivo em peso e tamanho do útero, ocorre um aumento da pressão intra-abdominal com sobrecarga da musculatura do Assoalho Pélvico. Tal sobrecarga aumenta gradualmente à medida que a gravidez evolui, o que pode resultar no aparecimento de anormalidades urodinâmicas, sintomas urinários irritativos e de incontinência urinária. 
Sabe-se que há uma relação direta entre anatomia do Assoalho Pélvico e as disfunções miccionais. A progesterona age reduzindo o tônus da musculatura lisa, porém a compressão progressiva feita pelo útero aumentado faz com que a bexiga tenha sua capacidade reduzida, aumentando a frequência miccional. Ainda, observa-se um aumento no fluxo plasmático renal e na taxa de filtração glomerular desde o começo da gestação, colaborando, assim, para o aumento da frequência miccional da gestante.
Pesquisas revelam que a ingestão de determinadas substâncias podem agravar os episódios de perda urinária, pois podem exercer efeito irritante sobre o detrusor e promover a sensação de bexiga cheia e o desejo frequente de urinar, sendo eles: café, chá preto, frutas ácidas, refrigerantes e álcool. A dieta pode ser fator importante no desenvolvimento de sintomas de hiperatividade vesical por afetar a função do trato urinário inferior, mas os efeitos de tais substâncias ainda não são bem compreendidos na gestação. 
A prevalência de sintomas urinários no último trimestre da gestação é comprovada em alguns estudos. Martins et al. (2010) descreveram a prevalência de sintomas urinários e seus fatores de risco em 500 gestantes e concluíram que 63% delas apresentavam sintomas urinários e que cerca de 50% estavam no terceiro trimestre de gestação. 

No estudo de Sacomori et al. (2013) foi avaliado 242 mulheres que se encontravam no puerpério imediato e foi identificado um aumento da prevalência de perda de urina de 9,5% antes da gestação para 59,5% no último trimestre gestacional. Em outro estudo foi avaliado 37 gestantes no início do terceiro trimestre e concluiu-se que cerca de 80% das mulheres apresentavam disfunções miccionais como a incontinência.

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (2014) a perda de urina e urgência miccional são condições que afetam negativamente a qualidade de vida das mulheres, sendo os episódios de incontinência os causadores de constrangimento social, disfunção sexual e baixo desempenho profissional. 
E  como prevenir? O treinamento da musculatura do assoalho pélvico reduz significativamente este sintoma, além de prevenir que este sintoma permaneça no pós-parto.  



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